sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Termos Integrantes de uma Oração

Integrantes são os termos que integram o sentido da oração, funcionando como complementos sem os quais a mensagem não chega a se finalizar. Dividem-se em complementos verbais (objeto direto e indireto) e complemento nominal.

Objeto Direto é o termo que completa o sentido do verbo, sem preposição obrigatória. Já o Objeto Indireto é o complemento do verbo que usa necessariamente uma preposição. Vejamos o quadro de transição do verbo para seu complemento:

A transição do verbo AMAR para MARIA é direta; verifica-se o oposto no segundo exemplo, onde a preposição DE impede a passagem direta do verbo para seu complemento. No caso, MARIA é objeto direto e DE MARIA é objeto indireto, variando a função conforme a natureza sintática do verbo.

Há verbos que exigem, simultaneamente, dois complementos:


Assim, pode-se seguir o modelo:


SUJEITO
VBT
OD
OI

Eles
doaram
bens
aos pobres.

Ninguém
enviou
flores
ao morto.

Todos
exigem
seriedade
do governo.

(Oculto)
Emprestei
meus livros
aos estudantes.

(Indeterminado)
Mandaram
ameaças
para o líder sindical.


Já o complemento nominal é mais complexo porque também vem regido de preposição, e pode ser confundido com o objeto indireto. O aluno, porém, deve saber que só há objeto indireto onde há verbo transitivo indireto. E não é obrigado haver verbo transitivo indireto para haver complemento nominal. Vejamos um exemplo:


“DO CACHORRO” é complemento nominal porque é complemento de “medo”, e não do verbo TER. Substantivos abstratos como PAVOR, ÓDIO, INVEJA, MEDO, HORROR, freqüentemente exigem complementos nominais, pois em muitas orações não têm sentido completo, precisando assim de um termo que dê continuidade à sua mensagem:


a) Os antigos helênicos tinham horror AOS BÁRBAROS.
b) Quantos incompetentes não têm inveja DOS SÁBIOS?
c) Quem explica o ódio hitlerista AOS JUDEUS?
d) A Inquisição manifestava pavor AO PROGRESSO.

Mas o complemento nominal pode assumir outras formas, como no caso em que completa o sentido de um nome derivado de um verbo transitivo:

a) A preservação DA AMAZÔNIA trará felicidade ao mundo.
b) A explicação DOS FATOS não foi aceita pelo juiz.
c) Permanecem obscuras as causas do assassinato DE KENNEDY.
d) Os americanos recusam a negociação DA DÍVIDA EXTERNA.

Todos os termos em destaque completam substantivos que provêm de verbos que exigem complemento:


PRESERVAÇÃO
EXPLICAÇÃO
ASSASSINATO
NEGOCIAÇÃO DA AMAZÔNIA
DOS FATOS
DE KENNEDY
DA DÍVIDA EXTERNA
Nome
Complemento Nominal

PRESERVAR
EXPLICAR
ASSASSINAR
NEGOCIAR A AMAZÔNIA
OS FATOS
KENNEDY
A DÍVIDA EXTERNA
Verbo Transitivo Direto
Objeto Direto (Complemento Verbal)


Também se acrescenta aos termos integrantes o AGENTE DA PASSIVA, que pratica a ação verbal quando o sujeito está na voz passiva:


a) O povo foi iludido PELOS DEMAGOGOS.
b) Os escravos rebeldes eram crucificados PELOS ROMANOS.
c) O Brasil ainda será torturado PELOS MILITARES?

Termos Acessórios de uma Oração
Acessórios são os termos secundários, que não integram necessariamente a estrutura básica da oração. Dividem-se em adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.

Adjunto Adnominal é um termo que exerce a função adjetiva, uma vez que serve para especificar, restringir ou qualificar um nome, particularizando-lhe o sentido:

a) As crianças DO BRASIL merecem assistência do governo.
b) Índios BRASILEIROS continuam sendo exterminados.\
c) A crise DO SOCIALISMO espalhou-se pelo mundo.
d) TODOS OS livros CRÍTICOS sofrem ameaças PERIGOSAS.

Adjunto Adverbial é o termo que expressa circunstâncias de modo, tempo, lugar, dúvida, intensidade, meio, finalidade, concessão, causa, companhia etc.. Correspondente ao advérbio, modifica o sentido de um verbo, um adjetivo ou mesmo de um advérbio:

a) Os camponeses pobres morrer de FOME. (adjunto adverbial de causa)
b) TALVEZ ninguém consiga seus objetivos. (adjunto adverbial de dúvida)
c) "NÃO nos deixeis cair em tentação." (adjunto adverbial de negação)
d) Dias Gomes escreveu peças políticas NOS ANOS 70. (adjunto adverbial de tempo)
e) "Bendita sois vós ENTRE AS MULHERES." (adjunto adverbial de LUGAR)
f) Saí ontem à noite COM A LOURINHA DE OLHOS AZUIS. (adj. adverbial de companhia)
g) Cortamos as árvores A FACA. (adjunto adverbial de instrumento)
h) Todos foram DE ÔNIBUS ao comício. (adjunto adverbial de meio)
i) Quasímodo era feio DEMAIS. (adjunto adverbial de intensidade)
j) Compre livros instrutivos PARA LEITURAS PRÓSPERAS. (adj. adverbial de finalidade)
k) Aconselhou INUTILMENTE a filha mais nova. (adjunto adverbial de modo)

Já o Aposto tem a função de esclarecer, identificar ou resumir um termo que lhe é anterior:

a) Salvador Dali, PINTOR ESPANHOL, imortalizou o Surrealismo.
b) O escritor ANTONIO CALLADO escreveu romances pós-modernos.
c) Napoleão, Hitler, Stálin, TODOS viraram pó.

1ª Obs. Uma mesma oração pode conter diversos apostos, a depender de sua complexidade:

2ª Obs. É preciso não confundir o vocativo com o aposto, uma vez que o vocativo tem uma função apelativa, apesar de assemelhar-se ao aposto pelas pausas e pelas vírgulas.

Termos Essenciais

Predicado é o termo essencial da oração que constitui a parte da enunciação referente ao sujeito. É a parte da oração que contém os verbos referentes ao sujeito. Os predicados podem se apresentar como: predicados nominais (têm um nome como núcleo de significação), predicados verbais (têm um verbo como núcleo central de significação) e predicados verbo-nominais (composto por verbos e nomes como núcleos significativos).

Predicado Nominal

Predicado nominal é o predicado que apresenta um nome como núcleo significativo. Os predicados nominais são formados com a presença de um verbo de ligação mais um predicativo.

Exemplos:
Ele está só, Os dias permanecem os mesmos;
Ficamos muito bem por aqui;
Isto parece uma grande mentira.

Predicado Verbal

Predicado verbal é o predicado que apresenta um verbo como núcleo significativo. Os predicados verbais são formados com a presença de verbos transitivos e intransitivos.

Exemplos:
O escritor criou seu universo fictício;
João deu asas à imaginação;
Assim que o trem parou, os passageiros desceram.

Predicado Verbo-Nominal

Predicado verbo-nominal é o predicado que apresenta um verbo e um predicativo como núcleos de significação.

Exemplos:
Magda abriu o pacote, surpresa;
E então, o rapaz perguntou ao mestre, aflito.

Predicativo do Objeto

Predicativo do objeto é um agente modificador do objeto. Esse predicativo ocorre apenas nos predicados verbo-nominais.

Exemplos: Os incidentes constantes o tornaram insensível;
Encontraram a criança fatigada e triste.

Sujeito

Sujeito

É o termo da oração do qual se declara alguma coisa.
Exemplo: No céu, um sol claro anuncia o verão.

Características do Sujeito:

I. Pode ser identificado através da pergunta "quem é que"... (ou "que é que"...), feita antes do verbo da oração
Que(m) é que + verbo? __ Resposta=sujeito
II. É substituível por ele(s), ela(s)
III. O verbo concorda com o sujeito.

Classificação do sujeito:

I. Simples: tem um único núcleo.
Exemplo: O velho navio aproximava-se do cais.

II. Composto: tem dois ou mais núcleos
Exemplo: As ruas e as praças estão vazias.

III. Oculto, elíptico ou desinencial: o sujeito pode ser identificado pela desinência do verbo ou pelo contexto em que aparece.
Exemplo: Voltarás para casa (sujeito: tu)

IV. Indeterminado: Quando não é possível determinar o sujeito. Com verbos na 3ª pessoa do plural sem referência a elemento anterior.
Exemplo: Atualmente, espalham muitos boatos.
Com verbo na 3ª pessoa do singular + se (em orações que não admitem a voz passiva analítica)
Exemplo: Precisou-se de novos professores.

Orações sem sujeito:

I. Verbo haver significando existir, acontecer e indicando tempo passado.
Exemplos:
Aqui já houve grandes festas.
Amanhã faz dez anos que ele partiu.

II. Verbo ser indicando tempo, horas, datas e distâncias.
Exemplo: Agora são cinco e doze da tarde.

III. Verbos indicativos de fenômenos da natureza.
Exemplo: Ontem à tarde, ventou muito aqui.

Orações Subordinadas Substantivas

Um período pode ser composto por coordenação ou por subordinação. Quando é composto por coordenação, as orações possuem uma independência estrutural, podendo vir separadamente sem prejuízo. Já no período composto por subordinação, as orações são dependentes entre si por meio de suas estruturas.

Há três tipos de orações subordinadas: As substantivas, as adjetivas e as adverbiais. Trataremos aqui especificamente sobre o primeiro tipo:

Orações Subordinadas Substantivas

São orações que exercem a mesma função que um substantivo, na estrutura sintática da frase.

Exemplo 1:

- A menina quis um sorvete. (período simples)
A menina = sujeito;
Quis = verbo transitivo direto;
Um sorvete = objeto direto;

Temos duas posições na frase anterior em que podemos usar um substantivo: o sujeito (menina) e o objeto direto (sorvete). Nessas mesmas posições podem aparecer, em um período composto, orações subordinadas substantivas.

Dependendo de onde elas apareçam e da função que elas exerçam, poderemos classificar como Subjetiva (função de sujeito) ou como Objetiva direta (função de objeto direto).

Sendo assim, notamos que:

- A menina quis que eu comprasse sorvete. (período composto)
A menina = sujeito;
Quis = verbo transitivo direto;
Que eu comprasse sorvete = Oração subordinada substantiva Objetiva direta

E ainda em:

- Quem me acompanhava quis um sorvete. (período composto)
Quem me acompanhava = oração subordinada subjetiva;
Quis = verbo transitivo direto;
Um sorvete = Objeto direto;

Além das posições de sujeito e objeto direto, as orações subordinadas substantivas podem exercer a função de um predicativo, de um objeto indireto, de um aposto e de um complemento nominal.

Portanto podemos ter oração subordinada substantiva de 6 tipos:

1. Subjetiva: ocupa a função de sujeito.

Exemplos:

- É preciso que o grupo melhore.
Verbo de Ligação + predicat. + O. S. S. Subjetiva

- É necessário que você compareça à reunião.
VL + predicat. O. S. S. Subjetiva

- Consta que esses homens foram presos anteriormente.
VI + O. S. S. Subjetiva

- Foi confirmado que o exame deu positivo.
Voz passiva O. S. S. Subjetiva

2. Predicativa: ocupa a função do predicativo do sujeito.

Exemplos:

- A dúvida é se você virá.
Suj. + VL + O. S. S. Predicativa

- A verdade é que você não virá.
Suj. + VL + O. S. S. Predicativa

3. Objetiva Direta: ocupa a função do objeto direto. Completa o sentido de um Verbo Transitivo Direto.

Exemplos:

- Nós queremos que você fique.
Suj. + VTD + O. S. S. Obj. Direta

- Os alunos pediram que a prova fosse adiada.
Sujeito + VTD + O. S. S. Objetiva Direta

4. Objetiva Indireta: ocupa a função do objeto indireto.

Exemplos:

- As crianças gostam (de) que esteja tudo tranqüilo.
Sujeito + VTI + O. S. S. Objetiva Indireta

- A mulher precisa de que alguém a ajude.
Sujeito + VTI + O. S. S. Obj. Indireta

5. Completiva Nominal: ocupa a função de um complemento nominal.

Exemplos:

- Tenho vontade de que aconteça algo inesperado.
Suj. + VTD + Obj. Dir. + O. S. S. Completiva Nominal

- Toda criança tem necessidade de que alguém a ame.
Sujeito + VTD + Obj. Dir. + O. S. S. Comp. Nom.

6. Apositiva: ocupa a função de um aposto.

Exemplos:

- Toda a família tem o mesmo objetivo: que eu passe no vestibular.
Sujeito + VTD + Objeto Direto + O. S. S. Apositiva

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

COESÃO E COERÊNCIA

Coesão e Coerência
A construção textual deve ser a construção de um todo compreensível aos olhos do leitor. A coerência textual é o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele.

Cada palavra tem seu sentido individual, quando elas se relacionam elas montam um outro sentido. O mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos. Cada um desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os demais. Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível.

O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital.

Em uma redação, para que a coerência ocorra, as idéias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de idéias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual.

A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc.

Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual:

"No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar"

“Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.”

“Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar”

“Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo”

“Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a freqüentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país.”


A falta de coerência em um texto é facilmente detectada por um falante da língua, mas não é tão simples notá-la quando é você quem escreve. A coerência é a correspondência entre as idéias do texto de forma lógica.

Quando o entendimento de determinado texto é comprometido, imediatamente alguém pode afirmar que ele está incoerente. Na maioria das vezes esta pessoa está certa ao fazer esta afirmação, mas não podemos achar que as dificuldades de organização das idéias se resumem à coerência ou a coesão. É certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para resolver todos os problemas. O que nos resta é nos atualizarmos constantemente para podermos ter um maior domínio do processo de produção textual.


Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes.

Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhar a função de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos longas.

A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.

Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.

Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem torce para o outro time – são anafóricos.

A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos:

Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.

Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a expressão o professor – são catafóricos.

De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.

Modelo de questão: coesão e coerência (AFRF-2003)

As questões de números 01 e 02 têm o texto abaixo como base.

Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das sociedades. Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.

Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos na América Latina.

Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.

As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos, tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e ideológica.

(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao Direito, com adaptações)

01. Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e gramaticalmente correta para o texto

a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena?

b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização social da liberdade.

c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da realidade latino-americana remete diretamente a uma compreensão da questão do homem ao substituí-lo pela questão da tecnologia.

d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.

e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência.

DICAS: esse tipode questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua interligação com o parágrafo subseqüente; nesse caso, a opção que será marcada.

O texto trata dos direitos humanos – a realidade no contexto sócio- político e histórico estrutural – processo de criação das sociedades; “as relações econômicas internacionais entre países periféricos( a sua dependência) e países centrais”.

O gabarito assinala a altern. C.

Justificativa: o comando da questão pede “a opção que não estabelece uma continuidade...” , a alternativa C inicia, estabelecendo relação de conclusão ( “Assim, pois,a opressão...”) utilizando-se de elementos que não são citados no texto: opressão – liberdade – tecnologia, caracterizando incoerência textual.Nas demais alternativas há expressões que fazem menção às idéias do texto. Serão grifadas as palavras ou expressões relacionadas ao texto:

*na altern.a)”... nessa parte do mundo...” (países periféricos),

* na altern.b)”... a questão dos Direitos tem significado político...” (parte inicial do texto),

*na altern. d) “Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano...”

* na altern.e)”... o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência.” (tanto a letra d) quanto a e) fazem referência às informações básicas do texto.

02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não retoma a idéia da segunda expressão que sucede a barra.

a) "realidade" (l.2) / " contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo" (l.2 e 3)

b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4)

c) "Este ponto de vista referencial" (l.11) / "idéias expressas no primeiro parágrafo.

d) "Neste contexto" (l.14) / discussão sobre os direitos humanos na América Latina.

e) "desta situação" (l.20) / relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.

GABARITO:A

DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos anafóricos-aqueles que retomam um elemento referencial(anterior). O objetivo do comando é “a expressão que antecede a barra não retoma a idéia da segunda expressão. Se se observar com atenção, a palavra “realidade” da altern. a) vem citada antes, no texto, que a expressão "contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo", portanto corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito apontar a altern a) como a indicada.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Para entendermos com clareza as funções da linguagem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da comunicação.

Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou quase todos) os momentos.
Comunicamos-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos, com a revista, com os documentos que manuseamos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um beijo de “boa noite”.

É o que diz Bordenave quando se refere à comunicação:

A comunicação confunde-se com a própria vida. Temos tanta
consciência de que comunicamos como de que respiramos ou
andamos. Somente percebemos a sua essencial importância
quando, por acidente ou uma doença, perdemos a capacidade
de nos comunicar. (Bordenave, 1986. p.17-9)

No ato de comunicação percebemos a existência de alguns elementos, são eles:

a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).


b) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.

c) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.

d) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá descodificar.

e) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.

Partindo desses seis elementos Roman Jakobson, lingüista russo, elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são:

1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.

2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor.

3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de forma a que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento.

4.Função fática: a palavra fático significa “ruído, rumor”. Foi utilizada inicialmente para designar certas formas que se usam para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência.

5. Função metalingüística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, ocorre a função metalingüística.

6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de idéias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.

Essas funções não são exploradas isoladamente, de modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade principal do texto.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola

Redação - Brasil Escola